[ Programa ] #143

Alô alô tropicaleiros e tropicaleiras!!

Apertem os cintos, peguem seus EPIs de segurança e já aumenta o som: preparades?



Nesta edição temos mais um set inédito feito pela Grazi Flores, passeando por House, Broken Beat e, claro, Techno com artistas como Avalon Emerson, Alex Kennon, Anfisa Letyago, Glaskin e mais quatro tracks do VA [UD007 ] - Berkana, lançado pela Under Division!


[ SEGUE O BEAT ]

> Adorn - Voiceless

> BRZ - Fears

> KaioBarssalos - Noise Reaction

> Paramod - Énigmatique


>> vibe

Esbarrei em mim mesma mais vezes do que gostaria durante o último ano. Acordo e sei que serei minha companhia mais presente no mundo físico. Com o passar do tempo as oscilações entre as necessidades que tinha que suprir eram maiores e mais penosas do que as ferramentas disponíveis no contexto pandêmico. Todos os dias meu corpo passou a gritar por uma necessidade diferente: eu já não frequentava mais lugares diferentes da minha casa, não andava pelas ruas, não caminhava pelas baldeações entre trens e metrôs, já não comia mais qualquer coisa que fosse feita em estabelecimentos externos, não ouvia outros sons que me cercavam (por escolha própria ou apenas por imposição coletiva), não conversava com outras pessoas olhando em seus olhos e conectando-me com o que aquela pessoa à minha frente dizia e era, já não respirava os ares abafados das ruas da metrópole, já não era mais a mesma pessoa e me dei conta de não saber quem eu era.

Num encasulamento forçado por forças externas ao meu querer, por acaso, entendi que era um movimento que eu já deveria ter iniciado há tempos. Precisava entender que, por inúmeros motivos, eu não estava vivendo o presente já há mais tempo do que poderia realmente contar. Uma ansiedade que me travava de compreender o que acontecia no agora, me forçava a voltar ao passado constantemente para analisar e entender o que realmente tinha acontecido (e como aquilo me afetava), sobrando pouco tempo para imaginar um futuro. Não escutava o que o meu corpo realmente precisava e queria para absorver e fazer para ser uma humana minimamente funcional no âmbito pessoal e coletivo, respeitando os limites de quem sou e de como/onde estou.

O que quero ouvir? O que vou ler? Sobre o que quero falar? Como quero interagir? Onde quero estar? Pareciam pequenas decisões que eu tinha que tomar ao longo dos dias para que conseguisse conviver comigo mesma de uma forma minimamente saudável para conseguir passar por este momento, imprevisível e instável, que estamos vivendo simultaneamente através das crises e do caos generalizado. Ter que sair da realidade paralela do que existia e éramos para encarar a realidade concreta do agora é sempre um processo de múltiplas facetas, que nos impele a entender o intrínseco processo de construção do eu, figura resultante da combinação de matéria e memória. 

Acordei e entendi que hoje era o início de um novo ciclo, quando senti que estou num chão que lentamente gira numa rotação específica, numa translação que percorre um espaço vazio acompanhado de corpos celestes que nos nutrem e que nos mantem conectados a esse chão pela sua força gravitacional de existência e interação num universo sem dimensões quantitativas. 



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