[ Programa ] #181 Audição // Contra-Relevo

 Alô alô tropicaleiros e tropicaleiras!!

Bora conhecer a vibe de mais um DJ que compõe essa admirável cena que temos?




Nesta edição você confere, na primeira hora, a audição do disco homônimo de Contra-Relevo e, na segunda hora, um set mixado por Grazi Flores. Conheça mais sobre a dupla, formada por Caio Bosco e Jovem Palerosi e entre na vibe do set:

Contra-Relevo 

The first full-length album of Contra-Relevo is a blend of "house music" and "krautrock" influences with hip hop technics. It's 10 instrumental tracks that travels between drum machines, layers of analog synthesizers, sampladelia and retro-futurist ambient sounds. The record concept and the name of the tracks, it's a tribute to the Neo-Concrete Movement (late 50', early 60's Brazilian modern art movement), from which the project's name also came, a reference to a masterpiece by Lygia Clark. Constructed, arranged, sequenced, mixed, mastered and produced by: Contra-Relevo. 

O primeiro álbum completo de Contra-Relevo é uma mistura de influências de "house music" e "krautrock" com técnicas de hip hop. São 10 faixas instrumentais que viajam entre baterias eletrônicas, camadas de sintetizadores analógicos, sampladelia e sons ambientes retro-futuristas. O conceito do disco e o nome das faixas, é uma homenagem ao Movimento Neo-Concreto. O nome do projeto e do album, é uma referência a uma obra-prima de Lygia Clark. Construído, arranjado, sequenciado, mixado, masterizado e produzido por: Contra-Relevo.




          >> vibe          


Foram meses e mais meses presa na mesma rotina, desejando que as coisas fossem diferentes, esperando que a solução da minha vida simplesmente acontecesse na calada do sono esplêndido. Foram meses presa no mesmo ciclo. Meses em que me desesperava pensando que se algo não mudasse radicalmente meu rumo, eu fosse morrer gradativamente. Não em matéria, mas em psique.
Curioso ver que esperava que a mudança acontecesse do nada, como num passe de mágica. E, ao mesmo tempo, imaginava que fosse automaticamente adaptar-me a tal mudança. Era uma mudança específica que calculava ser a necessária para suprir meus novos desejos. A tal mudança calculada e planejada apenas na minha superficial imaginação, obviamente não se concretizou... porque, no final, a vida tem formas curiosas de nos impulsionar para o caminho que realmente devemos percorrer.
Foi então que, certo dia, eu me questionei se, talvez, eu já não estivesse vivendo o processo. Olhava para o outro e dizia que este estava em negação da realidade. Aliás, descobri que isso é verdadeiramente fácil, a partir do momento em que desvio o olhar de mim mesma para olhar o outro. Minhas sucessivas crises, enfim, já apontavam minha dificuldade em olhar visceralmente para mim (assim como o fazia com quem estava ao meu redor) e em aceitar que, talvez, crescer fosse tão desconfortável quanto nascer, estar desprotegida do ambiente que aprendi a conhecer e fincar raízes seria tão sufocante quanto mergulhar no mar. E no momento em que atinjo a maturidade e a habilidade de gerar, devo aprender a ter a maturidade de permitir sua mínima autonomia. Para propiciar a interdependência, devo eu mesmo distanciar-me da dependência. Para que eu tenha liberdade, devo aprender a lidar com o peso que a equivalente responsabilidade possui. Para que eu possa carregar outros pesos, devo aguentar o meu próprio, ao menos. Para aguentar meu próprio peso, devo encarar quem sou e entender onde estou.
Então, olho ao meu redor e, ao ver onde estou,  só consigo pensar uma coisa: como é que eu vim parar aqui? Entendi que vivo um imenso recorte de realidades que misturam a imaginação do que seria o presente (de um mundo físico que não habito, e portanto apenas posso fazer grotescas edições e retoques com base numa memória que, com isso, passa a ser danificada e ficar difusa daquilo que eu realmente habitei em algum momento) com a suposição de um futuro que transforma-se na ficção mais elaborada que o cérebro humano já viveu até o momento (com amplo material de pesquisa e referência virtual).
No final das contas, passei tanto tempo da minha vida depositando meu tempo e energia para uma tela, com relações mais intensas sendo feitas à distância física, que meu corpo tornou-se invisível e igualmente virtual. Por que a despedida é tão difícil? E quando as coisas tiverem mudado, cairei em negação? Será que a mudança já chegou e eu ainda a estou negando? Será que verdadeiramente vivi o que estava vivendo?
E por fim, sem saber como funcionam os outros seres humanos, não pôde comparar-se com métricas exatas para mensurar seu desempenho e sua existência.


Acompanhem as novidades do Contra Relevo Music:

Lacuna Tropical 

laboratório de experiências de música eletrônica e discotecagem em toda a sua amplitude e pluralidade

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