[ Programa ] #193

Alô alô tropicaleiros e tropicaleiras!!

Apertem os cintos, peguem seus EPIs de segurança e já aumenta o som: preparades?



Nesta edição você confere mais um set produzido pela Grazi Flores, explorando o house e o techno, num set produzido para VOODOOHOP.


> vibe

É curioso e complexo viver, não é mesmo?

Quer dizer, viver apenas por viver é fácil: se não quiser ter dor de cabeça ainda no início de sua individual jornada humana, basta seguir um compilado de demandas e expectativas que o senso-comum delimitou e de vez em quando extravasar seu ID através de algumas substâncias e/ou experiências mais corporais. Aquela vaga transição em que nos tornamos as máquinas que o sistema econômico e de produção deseja que sejamos independentemente de nossos limites ou vontades.

Porque no final das contas é isso: a sociedade humana é um tanto quanto racional demais e tudo o que diz respeito à práxis de sentir e estar consciente de que se pode sentir é algo extremamente complexo de ser processado numa linha de pensamento que apenas considera a dicotomia inerente à espécie humana ocidental cristã. Quando muito, a espiritualidade toma essa frente de libertação de nós mesmos, permitindo-nos ser para aliviar o sofrimento.

É viver e não demonstrar que se sente a vida

É reprimir a sensação de vida através de uma impessoalidade propriamente pessoal

É permitir-se estar em plena vivência apenas sob medo, adrenalina, raiva, tristeza

É assustar-se de sentir e mostrar que se sente para outras pessoas

É estar em si, mas vivendo o que outrem considera em comum acordo ser o ideal

É esperar que a promessa de felicidade, e de autorização para viver, venha apenas entre a linha tênue da morte e degradação de si


Talvez, apenas talvez, a ansiedade e a depressão venham, em uma das inúmeras possibilidades, através da não-permissão de se viver o que se deseja viver (seja por não saber o que realmente se deseja viver, seja por não aceitar descobrir, seja por não conseguir descobrir, seja por qualquer motivo que seja). Quem viverá o trabalho, os estudos, as viagens, os passeios, as refeições, o sono, a falta e o excesso somos nós, esta primeira pessoa que através do corpo material vive, respira, locomove-se, alimenta-se, produz e consome. Por pior ou por melhor que seja, é imprescindível, se desejarmos alcançar o lugar de plenitude entre a conexão e o equilíbrio de cogitar, refletir e sentir, que saibamos de fato o que queremos. 

Passar a vida vivendo sob os padrões de outrem não nos fará necessariamente felizes ou trará felicidade para outras pessoas: estaremos apenas deixando de incomodar e sermos incomodades ao assumir uma vida alheia a nossa real essência. E no final, teremos perdido tempo e a incrível oportunidade de realmente viver, por inteiro, o presente.

O bom-senso seria aplicado aos impulsos que temos ao prazer eterno: ao invés de comer chocolate em quantidades cavalares, saborearemos o pedaço de chocolate que tivermos em nosso presente aproveitando a experiência visual, olfativa, extendendo-se, a partir do paladar, em conexões neurais que ultrapassam apenas nossos sentidos e nos permitem acessar o prazer de recordar e de criar mais motivos para lembrar.

O que, num equilíbrio entre ID e Superego, seu Ego deseja viver? Onde? Como?

Ter motivação para viver, ter motivos para lembrar (e, portanto, reviver) nos possibilitará equilibrar mais o presente para que possamos estar presentes em nós e em nossa própria vida. 

Estar presente

Presentear

Receber presente

Entregar presente

Ser presente

E enfim, acessar o passado como uma forma de honrar a caminhada e aprender para vislumbrar um futuro.

Porque assim como o passado e o futuro moram no presente, o presente também já morou no futuro e segue sendo armazenado no passado.

Que tenhamos mais presente do que passado e que não esperemos até que algum de nossos objetivos aconteça para que possamos realmente nos permitir viver o que legitimamente é a nossa essência.



Foto por Angelica Alves [ Instagram ]

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Lacuna Tropical 

laboratório de experiências de música eletrônica e discotecagem em toda a sua amplitude e pluralidade



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