[ ESPAÇO REGGAE ] O REGGAE É UMA ARMA PARA LUTAR CONTRA A BABILÔNIA
Por Tarcicio Selektah
Seletor, colecionador, pesquisador - da Jamaica ao Maranhão
Neste pequeno arrazoado que este escriba vos apresenta hoje, simplesmente
nos propomos a fazer uma pequena revisão sobre a cultura reggae, o rastafári
e a babilônia, sem a pretensão de completude ou tratado sobre o tema.
As letras da cultura musical reggae refletem o descontentamento social com a
babilônia e fala dos valores morais, valores esses que se baseiam no
movimento ou modo de vida do Rastafári; e isso se descobre ao viajar na
música de Jah, o Roots Reggae Music. A cultura musical reggae é um esforço
notável do povo preto na reconstrução da dignidade e cultura de uma nação.
Um povo que carrega na pele séculos de experiência vivida e sofrida. Algo que
não se empresta nem se divide.
Babilônia é o nome de uma antiga cidade, que foi a capital da Suméria e da
Acádia, na região que hoje é território do Iraque, cerca de 80 km. da atual
Bagdá. O termo, em babilônico, significa “porta de Deus”, mas os judeus
afirmam que vem do hebraico e significa “confusão”. Teve seu esplendor nos
anos de 1950 a.C. até 1.200 a.C., quando foi tomada pelos Assírios. Entre os
mais famosos reis da Babilônia destaca-se Hamurabi (1792 a 1750 a.C.), que
organizou o mais antigo código de leis que a história registra. Hamurabi
utilizou-se da escrita chamada cuneiforme, escrevendo em ̈tábuas ̈ de barro
cozido.
Babilônia na cultura reggae é um conceito de crítica ferrenha a um
sistema de pensamento distanciado de Jah Rastafari (o principal: o capitalismo)
e as formas de vida alienantes nas sociedades capitalistas. A babilônia
implanta no dia a dia males insuportáveis no nível do estômago, do coração
e/ou do espírito.
A música reggae, surgida na Jamaica, no final da década de 60 início dos 70. A
Jamaica, á época era considerado um país do terceiro mundo. A cultura
Reggae é o único movimento musical que fala abertamente contra a opressão,
discriminação, racismo, injustiça, fome, desigualdades, ou seja, luta contra a
babilônia e todos os seus males, atingindo toda uma geração de pessoas que
deveriam buscar a paz, igualdade e liberdade real de todos. Não queremos a
paz da Babilônia, essa paz é falsa, a babilônia ilude e as aparências enganam.
Devemos lutar por uma paz construída por homens e mulheres, que devem
derrubar a Babilônia. Nada melhor do que as letras de Bob Marley, Peter Tosh,
Bunny Wailer, Jacob Myller e tanto outros para confirmar o que escrevo.
As dificuldades da massa regueira no Brasil (Brasilônia) são grandes para
adquirir conhecimento e formação sobre as atividades que testemunhamos e
experimentamos no atual desenvolvimento da cultural musical jamaicana por
aqui, como experiência cultural preta, criativa e artística; não é de interesse da
Babilônia que esta luz chegue até eles. Em todo o mundo, e no Brasil, hoje, há
uma nova geração de artistas e músicos está tornando-se comparativamente
mais forte com a verdadeira música dos que lutam contra todo o tipo de
opressão.
A música Reggae deve a ser a grande linha mestra das pessoas que a
escolhem. Uma pessoa que escolhe a canção que o fortalece espiritualmente e
dá ânimo para lutar todos os dias contra o sistema babilônico. Esta música é
mais do que simplesmente escutar, é preciso ouvir o seu chamamento, já dizia
Bob Marley, devemos sentí-la em toda sua plenitude.
As pessoas deveriam usar a música reggae para sua proteção e para
produzirem coisas construtivas para si e para o bem da comunidade onde
vivem. E todos que de alguma forma se identificam com uma imagem baseada
na valorização das suas raízes e de suas vidas. Um só amor, um só povo, um
só destino, o levará a consciência da sua história.
O Reggae é mais do que uma música, é uma maneira de estar no mundo de
tentar chamar a atenção às pessoas para o sofrimento inútil de tanta gente
para todos os males que podíamos e devíamos evitar.
Tentam fazer da cultura reggae uma grande festa, com essa lengalenga de
reggae é “paz e amor”. Ledo engano, reggae é luta! A paz que a Babilônia
oferece é falsa. Tua luta pelo amor e paz dos teus irmãos será constante
enquanto vivas na Babilônia; porque a amor nascerá desta luta, será
conquistado, nunca dado.
O Reggae, enquanto dinâmica cultural é carregada de valores e princípios que
devem ser respeitados enquanto tal. Ou como já foi dito: reggae, é coisa séria!
Muito embora, alguns dos que dizem “fazer” este movimento não o sejam,
infelizmente. Segundo os adeptos da filosofia Rastafári, o reggae e sua música
são uma missão, e não uma competição.
Destarte, quero reafirmar um compromisso aqui assumido anteriormente: o
meu assunto é reggae, o que nele há de presente, passado e futuro. E cabe
uma pergunta: Neste presente, passado e futuro o que fizemos ou faremos
nós, os regueiros.
Abraça o Reggae com firmeza e convicção.
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Lacuna Tropical
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